Quero que acredites nas pessoas António, que acredites que há pessoas que passam nas nossas vidas e que sem nos conhecerem ou pedirem algo em troca dão um bocadinho delas. A Carla passou nas nossas vidas no dia em que nasceste. A bebé tinha nascido no dia antes e ela estava, tal como outras 6 mães, no mesmo quarto que eu no puerpério da maternidade.
Por volta das 4 da manhã entrei na sala onde 7 mães e 7 bebés dormiam. Entrei sozinha, assustada, ainda sem perceber bem o que se iria passar nas próximas horas. Durante toda a noite ouvi os bebés destas 7 mulheres a chorarem e eu chorava por não te ouvir.
A Carla deu-me algum tempo e depois foi ter comigo, pediu licença para abrir a cortina que nos separava e confortou-me, ouviu-me, encheu-me de bolachinhas e ainda me deu um livrinho de orações que trazia com ela. Nunca fui crente, mas por respeito àquela boa mulher que dedicava algum dos seus primeiros minutos com a filha a reconfortar uma desconhecida, li o livro e confesso que me deu alguma tranquilidade, a possível para aquele momento.
Provavelmente nunca mais irei encontrar a Carla e se a vir não sei se serei capaz de a reconhecer, mas quero que saibas que a Carla existe e que ainda há pessoas neste mundo como ela.
Um blog para o meu filho António, para que possa ler quando crescer. Um blog para mim, para que estas linhas me recordem sempre do que senti em cada momento. Um blog para as amigas, para que não tenham mais de ler os meus grandes desabafos sobre a maternidade no telemóvel. Um blog para quem vier, onde tudo o que é escrito vem do coração.
sexta-feira, 28 de novembro de 2014
quinta-feira, 27 de novembro de 2014
As cartas que te escrevi - II
E já que no post anterior falámos na Cartuxa, esta foi uma das cartas que te escrevi sobre ela.
27 Dezembro de 2013
Hoje quero que conheças um pouco melhor a Cartuxa, o monstrinho destruidor lá de casa.
Aos 2 anos parece ainda não ter ganho juízo e deixa-nos com os nervos em franja com a quantidade de coisas que apanha do chão e come, bem como com os seus actos de cadela mal comportada destruidora de tapetes e moveis (ainda agora a tua avó me ligou a dizer que tinha destruído o tapete fofinho fofinho que lhe comprei no natal).
Independentemente disso a cartuxa é mesmo a melhor cadela do mundo. Meiguinha, preguiçosa e muito mimada, tenho a certeza que será a tua melhor amiga e que te dará grandes lambidelas nos pés. Enquanto andares de fralda e não fores capaz de lhe dar um safanão para que não te roube a comida, garanto-te que não te irá largar. Cuida bem das tuas chuchas e bolachas António, pois ela não te dará descanso!
Porquê o nome Cartuxa perguntas tu. Pois eu respondo... Antes de estar grávida a mãe e o pai gostavam de chegar a casa e beber um copo de vinho partilhando nos entretantos as experiências do dia-a-dia. Hoje continua a ser mais ou menos tudo igual, mas o pai é o único a beber. Pois que o teu pai de vez em quando tem uns rasgos de criatividade e notou que um dos nossos vinhos favoritos tinha um nome que ficaria engraçado num cão, Cartuxa. E assim ficou. A Cartuxa está connosco desde 13 de Maio de 2012 e nasceu no dia 25 de dezembro de 2011, muito devoto ao catolicismo o nosso monstrinho.
Ela está ansiosa pela tua chegada. Eu estou ansiosa por vos ver juntos.
beijos.
Mãe
27 Dezembro de 2013
Hoje quero que conheças um pouco melhor a Cartuxa, o monstrinho destruidor lá de casa.
Aos 2 anos parece ainda não ter ganho juízo e deixa-nos com os nervos em franja com a quantidade de coisas que apanha do chão e come, bem como com os seus actos de cadela mal comportada destruidora de tapetes e moveis (ainda agora a tua avó me ligou a dizer que tinha destruído o tapete fofinho fofinho que lhe comprei no natal).
Independentemente disso a cartuxa é mesmo a melhor cadela do mundo. Meiguinha, preguiçosa e muito mimada, tenho a certeza que será a tua melhor amiga e que te dará grandes lambidelas nos pés. Enquanto andares de fralda e não fores capaz de lhe dar um safanão para que não te roube a comida, garanto-te que não te irá largar. Cuida bem das tuas chuchas e bolachas António, pois ela não te dará descanso!
Porquê o nome Cartuxa perguntas tu. Pois eu respondo... Antes de estar grávida a mãe e o pai gostavam de chegar a casa e beber um copo de vinho partilhando nos entretantos as experiências do dia-a-dia. Hoje continua a ser mais ou menos tudo igual, mas o pai é o único a beber. Pois que o teu pai de vez em quando tem uns rasgos de criatividade e notou que um dos nossos vinhos favoritos tinha um nome que ficaria engraçado num cão, Cartuxa. E assim ficou. A Cartuxa está connosco desde 13 de Maio de 2012 e nasceu no dia 25 de dezembro de 2011, muito devoto ao catolicismo o nosso monstrinho.
Ela está ansiosa pela tua chegada. Eu estou ansiosa por vos ver juntos.
beijos.
Mãe
Há dias assim
Estes últimos dias têm sido complicados, estou em muitas frentes e não consigo estar em nenhuma a 100%. Mudar fraldas, fazer sopa, encher-te de beijos. Fazer relatórios, reunir com clientes, analisar rentabilidades. Organizar casamento, baptizado e outras festividades. Fazer máquinas de roupa, lavar loiça, dar uma festa ao pobre do cão que já nem mimos leva. Deitar às 2 da manhã e adormecer contigo ao colo enquanto te dou o biberão. Acordar à hora em que deveria entrar no trabalho e fazer tudo a correr novamente. Vamos lá, mais um dia. Valha-nos a avó que nos faz quase sempre o jantar, o pai que trata da Cartuxa e principalmente os teus abraços, sorrisos e gracinhas cada vez que estamos juntos.
sexta-feira, 21 de novembro de 2014
Há 9 meses a acreditar no amor
Não há melhor coisa no mundo do que dormirmos todos na mesma cama. Perco-me a olhar para ti, nesse teu ar tão sereno, feliz e confortável enquanto te aninhas nos nossos braços. Sim, eu sei, existe toda uma série de teorias sobre os eventuais problemas conjugais e traumas que terás por dormires connosco...eu prefiro acreditar que cada família deve decidir o que é melhor para si mesma. Nós somos felizes assim, a dormir juntos, não sempre, mas quando queremos. Eu acredito no amor e é a acreditar no amor que te quero educar.
quarta-feira, 19 de novembro de 2014
As cartas que te escrevi
Enquanto estava grávida escrevi-te algumas cartas. Esta é um delas...
No dia 30 de Agosto descobrimos que uma pequena criatura estava a crescer dentro de mim. Foi uma grande alegria, sem grandes medos ou ansiedades. Ao contrário do que esperava acho que encarei tudo com muita calma e serenidade (um dia vais perceber que estes são adjetivos que não se encaixam muito bem na personalidade da tua mãe, mas os milagres existem). Eu e o pai demos muitos beijinhos e abraços e fomos comprar um segundo teste de gravidez, desta vez para sabermos quantas semanas já tinhas. O resultado +5 deixou-nos pasmados, tanto tempo e não tínhamos dado por nada (ok o pai diz que já desconfiava). Seguiram-se jantares, telefonemas e visitas surpresas a família e amigos para partilharmos a novidade.
Nos entretantos as consultas médicas, o medo antes de entrar nas salas e a alegria à saída das mesmas por sabermos que estava sempre tudo bem.
Na primeira ecografia o médico disse que parecia ver uma rapariga, por isso durante as primeiras semanas tiveste outro nome, Maria do Carmo. Às 17 semanas não aguentámos e fomos fazer um teste para saber o sexo. Resultado: menino. Não imaginas a alegria do teu pai, era impossível não ficar feliz só de o ver assim.
Depois o nome. Afonso, Joaquim Maria, António Maria, Gonçalo Maria. Não foi difícil, umas cedências de parte a parte e encontrámos aquele que nos parece o nome perfeito para o nosso primeiro filho, António Maria.
E nestas 23 semanas que já lá vão tem sido assim, cada dia uma coisa nova, os primeiros pontapés, a primeira roupinha, os primeiros beijos do pai na barriga, as primeiras conversas contigo, as primeiras fotografias. E às vezes ainda não acredito que seja verdade, que mais de metade do caminho já está percorrido e que lá para meados de Abril já estarás nos nossos braços.
Estão a ser as melhores 23 semanas da minha vida. Obrigada.
Beijos.
Mãe
"Aguenta Cavalinho"
"Aguenta Cavalinho" era o que te pedíamos enquanto ouvíamos o teu pequeno coração no CTG. Ficou a alcunha e a marca para sempre na minha pele.
Há precisamente 9 meses atrás, eu e o teu pai apanhámos o maior susto das nossas vidas. Às 31 semanas e com uma gravidez supostamente normal e vigiada disseram-nos que ias nascer a qualquer momento. O chão caiu-nos, as pernas fraquejaram, achei que estava a assistir a um filme, que nada do que me estavam a dizer era real. Depois o aviso, "temos de a internar já e tem de levar uma injeção para o desenvolvimento pulmonar do bebé". Concordamos com a injeção mas ali não queríamos ficar e assim que conseguimos ganhar forças lá fomos nós a abrir para a MAC. Não falámos durante todo o caminho, estávamos em choque, faltavam 9 semanas para nasceres. Na maternidade confirmaram tudo o que o médico anterior nos tinha dito, colo do útero muito curto e contracções mais do que muitas, muitas mais do que as desejadas.
Já internada, fiquei toda a noite ligada ao CTG. "Aguenta cavalinho" era o que eu e o teu pai te pedíamos, "aguenta mais um dia cavalinho", "se conseguires, aguenta mais umas semanas cavalinho". Mas tu não aguentaste e no dia seguinte 1640 gramas de gente, de gente com garra nascia para balançar ainda mais as nossas vidas.
terça-feira, 18 de novembro de 2014
hoje é o dia
Nestes últimos anos criei alguns blogs, vendo bem, registei alguns domínios porque nunca cheguei a conseguir escrever o primeiro post. Este vai ser diferente, este tem um propósito maior, este será um espaço nosso, onde escrevo para ti, para que daqui a uns anos possas entender um pouco melhor aquilo que vai na cabeça desta tua mãe meia neurótica, meia louca e totalmente apaixonada por ti.
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