sexta-feira, 28 de novembro de 2014

A Carla e as pessoas como ela

Quero que acredites nas pessoas António, que acredites que há pessoas que passam nas nossas vidas e que sem nos conhecerem ou pedirem algo em troca dão um bocadinho delas. A Carla passou nas nossas vidas no dia em que nasceste. A bebé tinha nascido no dia antes e ela estava, tal como outras 6 mães, no mesmo quarto que eu no puerpério da maternidade.

Por volta das 4 da manhã entrei na sala onde 7 mães e 7 bebés dormiam. Entrei sozinha, assustada, ainda sem perceber bem o que se iria passar nas próximas horas. Durante toda a noite ouvi os bebés destas 7 mulheres a chorarem e eu chorava por não te ouvir.
A Carla deu-me algum tempo e depois foi ter comigo, pediu licença para abrir a cortina que nos separava e confortou-me, ouviu-me, encheu-me de bolachinhas e ainda me deu um livrinho de orações que trazia com ela. Nunca fui crente, mas por respeito àquela boa mulher que dedicava algum dos seus primeiros minutos com a filha a reconfortar uma desconhecida, li o livro e confesso que me deu alguma tranquilidade, a possível para aquele momento.

Provavelmente nunca mais irei encontrar a Carla e se a vir não sei se serei capaz de a reconhecer, mas quero que saibas que a Carla existe e que ainda há pessoas neste mundo como ela.

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

As cartas que te escrevi - II

E já que no post anterior falámos na Cartuxa, esta foi uma das cartas que te escrevi sobre ela.

27 Dezembro de 2013

Hoje quero que conheças um pouco melhor a Cartuxa, o monstrinho destruidor lá de casa.
Aos 2 anos parece ainda não ter ganho juízo e deixa-nos com os nervos em franja com a quantidade de coisas que apanha do chão e come, bem como com os seus actos de cadela mal comportada destruidora de tapetes e moveis (ainda agora a tua avó me ligou a dizer que tinha destruído o tapete fofinho fofinho que lhe comprei no natal).

Independentemente disso a cartuxa é mesmo a melhor cadela do mundo. Meiguinha, preguiçosa e muito mimada, tenho a certeza que será a tua melhor amiga e que te dará grandes lambidelas nos pés. Enquanto andares de fralda e não fores capaz de lhe dar um safanão para que não te roube a comida, garanto-te que não te irá largar. Cuida bem das tuas chuchas e bolachas António, pois ela não te dará descanso!

Porquê o nome Cartuxa perguntas tu. Pois eu respondo... Antes de estar grávida a mãe e o pai gostavam de chegar a casa e beber um copo de vinho partilhando nos entretantos as experiências do dia-a-dia. Hoje continua a ser mais ou menos tudo igual, mas o pai é o único a beber. Pois que o teu pai de vez em quando tem uns rasgos de criatividade e notou que um dos nossos vinhos favoritos tinha um nome que ficaria engraçado num cão, Cartuxa. E assim ficou. A Cartuxa está connosco desde 13 de Maio de 2012 e nasceu no dia 25 de dezembro de 2011, muito devoto ao catolicismo o nosso monstrinho.

Ela está ansiosa pela tua chegada. Eu estou ansiosa por vos ver juntos.

beijos.
Mãe

Há dias assim

Estes últimos dias têm sido complicados, estou em muitas frentes e não consigo estar em nenhuma a 100%. Mudar fraldas, fazer sopa, encher-te de beijos. Fazer relatórios, reunir com clientes, analisar rentabilidades. Organizar casamento, baptizado e outras festividades. Fazer máquinas de roupa, lavar loiça, dar uma festa ao pobre do cão que já nem mimos leva. Deitar às 2 da manhã e adormecer contigo ao colo enquanto te dou o biberão. Acordar à hora em que deveria entrar no trabalho e fazer tudo a correr novamente. Vamos lá, mais um dia. Valha-nos a avó que nos faz quase sempre o jantar, o pai que trata da Cartuxa e principalmente os teus abraços, sorrisos e gracinhas cada vez que estamos juntos.

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Há 9 meses a acreditar no amor


Ontem fizeste 9 meses, nós tivemos direito a bolo e tu tiveste direito a adormecer na nossa cama, agarradinho a mim.

Não há melhor coisa no mundo do que dormirmos todos na mesma cama. Perco-me a olhar para ti, nesse teu ar tão sereno, feliz e confortável enquanto te aninhas nos nossos braços. Sim, eu sei, existe toda uma série de teorias sobre os eventuais problemas conjugais e traumas que terás por dormires connosco...eu prefiro acreditar que cada família deve decidir o que é melhor para si mesma. Nós somos felizes assim, a dormir juntos, não sempre, mas quando queremos. Eu acredito no amor e é a acreditar no amor que te quero educar.

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

As cartas que te escrevi


Enquanto estava grávida escrevi-te algumas cartas. Esta é um delas...



No dia 30 de Agosto descobrimos que uma pequena criatura estava a crescer dentro de mim. Foi uma grande alegria, sem grandes medos ou ansiedades. Ao contrário do que esperava acho que encarei tudo com muita calma e serenidade (um dia vais perceber que estes são adjetivos que não se encaixam muito bem na personalidade da tua mãe, mas os milagres existem). Eu e o pai demos muitos beijinhos e abraços e fomos comprar um segundo teste de gravidez, desta vez para sabermos quantas semanas já tinhas. O resultado +5 deixou-nos pasmados, tanto tempo e não tínhamos dado por nada (ok o pai diz que já desconfiava). Seguiram-se jantares, telefonemas e visitas surpresas a família e amigos para partilharmos a novidade.

Nos entretantos as consultas médicas, o medo antes de entrar nas salas e a alegria à saída das mesmas por sabermos que estava sempre tudo bem.
Na primeira ecografia o médico disse que parecia ver uma rapariga, por isso durante as primeiras semanas tiveste outro nome, Maria do Carmo. Às 17 semanas não aguentámos e fomos fazer um teste para saber o sexo. Resultado: menino. Não imaginas a alegria do teu pai, era impossível não ficar feliz só de o ver assim.
Depois o nome. Afonso, Joaquim Maria, António Maria, Gonçalo Maria. Não foi difícil, umas cedências de parte a parte e encontrámos aquele que nos parece o nome perfeito para o nosso primeiro filho, António Maria.

E nestas 23 semanas que já lá vão tem sido assim, cada dia uma coisa nova, os primeiros pontapés, a primeira roupinha, os primeiros beijos do pai na barriga, as primeiras conversas contigo, as primeiras fotografias. E às vezes ainda não acredito que seja verdade, que mais de metade do caminho já está percorrido e que lá para meados de Abril já estarás nos nossos braços.

Estão a ser as melhores 23 semanas da minha vida. Obrigada.

Beijos.
Mãe

"Aguenta Cavalinho"

"Aguenta Cavalinho" era o que te pedíamos enquanto ouvíamos o teu pequeno coração no CTG. Ficou a alcunha e a marca para sempre na minha pele.
 
Há precisamente 9 meses atrás, eu e o teu pai apanhámos o maior susto das nossas vidas. Às 31 semanas e com uma gravidez supostamente normal e vigiada disseram-nos que ias nascer a qualquer momento. O chão caiu-nos, as pernas fraquejaram, achei que estava a assistir a um filme, que nada do que me estavam a dizer era real. Depois o aviso, "temos de a internar já e tem de levar uma injeção para o desenvolvimento pulmonar do bebé". Concordamos com a injeção mas ali não queríamos ficar e assim que conseguimos ganhar forças lá fomos nós a abrir para a MAC. Não falámos durante todo o caminho, estávamos em choque, faltavam 9 semanas para nasceres. Na maternidade confirmaram tudo o que o médico anterior nos tinha dito, colo do útero muito curto e contracções mais do que muitas, muitas mais do que as desejadas.
 
Já internada, fiquei toda a noite ligada ao CTG. "Aguenta cavalinho" era o que eu e o teu pai te pedíamos, "aguenta mais um dia cavalinho", "se conseguires, aguenta mais umas semanas cavalinho". Mas tu não aguentaste e no dia seguinte 1640 gramas de gente, de gente com garra nascia para balançar ainda mais as nossas vidas.

terça-feira, 18 de novembro de 2014

hoje é o dia

Nestes últimos anos criei alguns blogs, vendo bem, registei alguns domínios porque nunca cheguei a conseguir escrever o primeiro post.  Este vai ser diferente, este tem um propósito maior, este será um espaço nosso, onde escrevo para ti, para que daqui a uns anos possas entender um pouco melhor aquilo que vai na cabeça desta tua mãe meia neurótica, meia louca e totalmente apaixonada por ti.