Quero que acredites nas pessoas António, que acredites que há pessoas que passam nas nossas vidas e que sem nos conhecerem ou pedirem algo em troca dão um bocadinho delas. A Carla passou nas nossas vidas no dia em que nasceste. A bebé tinha nascido no dia antes e ela estava, tal como outras 6 mães, no mesmo quarto que eu no puerpério da maternidade.
Por volta das 4 da manhã entrei na sala onde 7 mães e 7 bebés dormiam. Entrei sozinha, assustada, ainda sem perceber bem o que se iria passar nas próximas horas. Durante toda a noite ouvi os bebés destas 7 mulheres a chorarem e eu chorava por não te ouvir.
A Carla deu-me algum tempo e depois foi ter comigo, pediu licença para abrir a cortina que nos separava e confortou-me, ouviu-me, encheu-me de bolachinhas e ainda me deu um livrinho de orações que trazia com ela. Nunca fui crente, mas por respeito àquela boa mulher que dedicava algum dos seus primeiros minutos com a filha a reconfortar uma desconhecida, li o livro e confesso que me deu alguma tranquilidade, a possível para aquele momento.
Provavelmente nunca mais irei encontrar a Carla e se a vir não sei se serei capaz de a reconhecer, mas quero que saibas que a Carla existe e que ainda há pessoas neste mundo como ela.
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